Se você ainda não se conformou com aquelas afirmações de que Campo Mourão está na UTI há mais de 30 anos, chegou um consolo. Dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) mostram que a gente não está sozinho, não. A região inteira, com seus 25 municípios, está junto. Pelo menos é isso que indica o estudo “Leituras Regionais”, realizado nas 10 mesorregiões do Estado. A Comcam é chamada ali de “Mesorregião Central-Ocidental” e, de acordo com o estudo, tem os piores índices econômicos e sociais do Paraná. E algumas coisas ficando piores do que eram antes. Tá ruim em tudo. Só para se ter uma idéia, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da região é mais baixo que a média estadual. Emprego, então, é um caos. Veja abaixo, só para se ter uma idéia, alguns trechos do estudo do Ipardes. Em tempo: a leitura é desaconselhável para quem tem problemas cardíacos...
VEJA O QUE O IPARDES DIZ DA REGIÃO
DESARTICULAÇÃO REGIONAL
“Em síntese, a mesorregião Centro-Ocidental chama atenção, comparativamente às demais mesorregiões do Estado, pelos indícios de que acentuou-se, nos anos 90, um processo de desarticulação regional, cujas principais evidências são: a redução da população; a perda de posição, por vários municípios, no ranking do IDH-M; a crise do algodão; e o baixo desempenho de seu mercado de trabalho”.
DECRÉSCIMO POPULACIONAL
“Desde os anos 70, a região vem apresentando expressivas taxas de decréscimo populacional, fato que se acentuou na última década, quando registrou, inclusive, forte desacelaração do crescimento urbano, registrando a mais baixa taxa de crescimento da população urbana entre as mesorregiões paranaenses. É digno de nota, nesse processo, o fato de que em 21 municípios houve, nos anos 90, redução da população total. Mesmo o município-pólo da região, Campo Mourão, apresentou taxa de crescimento inferior a 0,5% ao ano, indicando dificuldades de reter o aumento populacional que decorreria do crescimento vegetativo de sua população. A população atual da Centro-Ocidental – a menor entre as dez mesorregiões – representa apenas 2/3 da que lá residia em 1970”.
IDH-M ABAIXO DA MÉDIA
“Em 2000, nenhum município da mesorregião apresentou valores do IDH-M acima do verificado para o Estado (0,787), sendo que, em relação ao ano de 1991, vários deles perderam posição no ranking estadual. Entre os componentes do IDH-M (longevidade, educação e renda), o pior desempenho ocorre em relação à renda, dimensão na qual todos os municípios encontram-se abaixo da média estadual, fato que se reflete no alto percentual (32%) de famílias em situação de pobreza”.
MORTALIDADE INFANTIL
“No que se refere à mortalidade infantil, a quase totalidade dos municípios, inclusive o pólo regional, apresentava, em 2000, níveis de mortalidade superiores à média estadual”.
INDÚSTRIA ESTAGNADA
“Entre as dez mesorregiões paranaenses, a Centro-Ocidental apresentou a terceira maior taxa de desemprego e o menor crescimento relativo e absoluto do emprego formal, no período 1996-2001, registrando, inclusive, redução no seu principal município – Campo Mourão. Além disso, é a única mesorregião que, neste período, não teve nenhum segmento industrial com aumento expressivo de emprego”.
REDUÇÃO DE EMPREGO FORMAL
“Ela apresentou, entre as mesorregiões paranaenses, o pior desempenho em termos da evolução recente do emprego formal. Apenas 5 municípios tiveram incremento absoluto expressivo, no período 1996/2001, respondendo pela maioria dos empregos criados na região. Diferentemente de outras mesorregiões, a contribuição da indústria para este acréscimo foi irrisória, com exceção do incremento nos segmentos têxtil e madeira e mobiliário em alguns pequenos municípios. Chama atenção, ainda, a forte redução do emprego formal no principal município da região, Campo Mourão. Por fim, cabe lembrar que a mesorregião apresentava, em 2000, uma das maiores taxas de desemprego, fato possivelmente associado à fraca expansão do emprego formal”.
DESEMPREGO ALTO
“A taxa de desemprego da mesorregião, em 2000, era de 13,7%, a terceira maior entre as dez mesorregiões do Estado; aproximadamente 22 mil pessoas participavam da PEA na condição de desempregadas. Os municípios de Boa Esperança, Campina da Lagoa, Mamborê, Goioerê, Ubiratã e Campo Mourão apresentavam taxa de desemprego superior a 15% e, com exceção do primeiro, todos tinham mais de mil pessoas desempregadas. Campo Mourão, com 6,5 mil pessoas nesta condição, concentrava 30% do desemprego regional”.