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Esse aí deitado no caixão é o cartunista Edevaldo Alves de Almeida, o "Pixote" (ele mesmo, o pai do Larpank, da "Tribuna do Interior"). Em pé, com a tampa do caixão está o professor de cestaria do Centro de Criatividade, Alessandro Costa de Souza. Os dois inventaram um caixão feito de jornais velhos (80%) e madeirite (20%). Eles juram que funciona e que é uma opção bem mais econômica. Qualquer um pode fazer a urna funerária alternativa em casa. E se passar uma mãozinha de tinta, engana bem. Duro é se chove na hora do enterro. Ué, mas como é que entregar de jornal faz em dia de chuva?...
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Hoje é Dia de Finados, mas em Campo Mourão 189 defuntos do Cemitério São Judas Tadeu não têm o que comemorar. É que eles estão num "listão" divulgado esta semana pela Secretaria de Infra-Estrutura e Meio Ambiente dos restos mortais que serão despejados por falta de pagamento do terreno. Verdade. A lista mereceu três páginas de uma edição extra do "Órgão Oficial". Ah, mas morto não tem direito ao Refiscam?...
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A remoção dos restos mortais das famílias que não compram os terreninhos é a única forma que a prefeitura tem para manter vivo o velho São Judas Tadeu. É que já faz uns oito anos que o "campo santo" não tem mais espaço. Para entrar um morador novo, um velho precisa ir para o ossário. Ah, mas como diria Pollyanna, há o lado bom: o "cara" sai da terra e vai para uma gavetinha de alvenaria...
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Antes que você fique assustado, é bom esclarecer que esse procedimento é muito normal. A lista de despejos sai pelo menos duas vezes por ano. Uma lei municipal permite que a prefeitura retire os restos mortais cinco anos após o sepultamento de quem não compra os lotes. Agora cá entre nós: assim como tem o Refiscam para ajudar quem deve IPTU, para quem está devendo sepultura não dava para criar o "Defuncam"?...
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O listão divulgados esta semana tem gente enterrada de 1980 a 1997. Mas se você olhar a lista com os 189 restos mortais sujeitos ao despejo e encontrar algum parente ou amigo, não precisa se desesperar. Os despejos só começarão em fevereiro do ano que vem. Até lá, ainda é possível regularizar o lote e evitar a troca do túmulo pelo ossário. Ah, é só participar do "Show do Milhão" porque, com uma causa dessas, o Sílvio Santos dá um empurrãozinho...
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A essa altura você deve estar se perguntando: se o São Judas Tadeu chegou a esse ponto, por que a prefeitura não constrói um novo cemitério? Falta de recursos. O principal receito é que um novo "campo santo" exigiria toda uma estrutura: mais uma administração, mas coveiros, mais zeladores, mais vigias e por aí vai. Daí, o jeito é ir despejando. Até porque esses mortos nunca reclamam de nada mesmo...
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Há alguns anos, a prefeitura pensou em ampliar o atual cemitério sobre um campinho de futebol que existia ao lado. Mas moradores de bairros vizinhos fizeram um abaixo-assinado dizendo que não queriam a ampliação. Alegaram que seus imóveis seriam desvalorizados. O campinho acabou virando o jardim Kimberlan, que só decolou quando a prefeitura trocou a cerca e arame farpado do cemitério por um muro de tijolos. Ah, perderam uma vista do outro mundo...
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De fato, antes de pensar em fazer um cemitério novo, a prefeitura precisa dar uma baita de uma geral no atual "campo santo". O último investimento de peso no local foi na gestão José Pochapski (1983/88), quando o cemitério foi ampliado e ganhou a capela mortuária. De lá pra cá, malmente foi feita a manutenção do local. E se quando não existia Lei de Responsabilidade Fiscal não saía nada, imagine agora...
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Para se ter uma idéia do descaso com o cemitério de Campo Mourão, basta reparar no calçamento. As últimas calçadas nas ruas internas foram feitas no início dos anos 70. Desde então, o máximo que saiu foi um asfaltinho tão barrela, mas tão barrela, que vive nascendo mato por cima. Com isso, os próprios familiares dos mortos fazem calçadas em frente aos túmulos. Só que cada um faz de um jeito. Aquilo virou uma bagunça. Quem diria, cemitério self-service...
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Como hoje é Dia de Finados, o Cemitério São Judas Tadeu tem horário especial de funcionamento. Os portões serão abertos às 6h e só fecharão depois das 21h. Isso, no entanto, é mero formalismo. Como a Central Funerária funciona dentro do São Judas Tadeu, o cemitério acaba sempre ficando aberto 24 horas por dia. Só que depois das 20h30 é bom levar uma lanterninha com pilhas novas...
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Aleluia! Outubro terminou sem que morressem mais homens do que mulheres em Campo Mourão. Coisa rara. Segundo a administração do São Judas Tadeu, foram enterrados durante o mês 22 homens e 22 mulheres. Deu empate. Empate? Então tem que ir para a prorrogação com morte súbita...
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Em Goioerê, só agora a prefeitura espalhou torneiras com água pelo cemitério. Assim, fica mais fácil para fazer a limpeza dos túmulos, uma vez que a água está mais próxima. Alegria para as mulheres que trabalham no local limpando túmulos. Elas acham que, agora, poderão até empreitar novas sepulturas, uma vez que o serviço vai render mais e cansar menos. Agora vai dizer que não sabe porque chamam cemitério de "campo santo"...
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Essa história da água no cemitério de Goioerê lembra a piada do homem que foi contratado para pintar as faixas de uma rodovia em Portugal. No primeiro dia, pintou 10 quilômetros de faixas. No segundo, cinco. No terceiro, apenas dois. No quarto, 600 metros. O patrão foi tomar satisfação, mas o dedicado pintor apareceu com uma explicação na ponta da língua. "Ora pois, a lata de tinta está ficando cada vez mais longe"...
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A vantagem de ir ao cemitério no Dia de Finados é que o "campo santo" vira uma verdadeira festa. Nada do silêncio mortal dos dias comuns e daquele clima de tristeza no ar. Hoje o cemitério está colorido e cheio de gente por todos os lados. Daí, é um tal de encontrar velhos amigos, parentes e compadres que não tem mais fim. O cemitério vira quase um parque de exposições em dia de Expocampo. Ah, então é a "Exponados 2001"...
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Quem for ao cemitério São Judas Tadeu hoje poderá perceber algo triste. Velhos túmulos de famílias tradicionais de Campo Mourão estão sendo substituídos por sepulturas mais modernas. Muitas daquelas "capelinhas" típicas dos anos 70 e outros túmulos ainda mais antigos foram desmanchados para dar lugar a jazigos da "era moderna". Uma pena. O cemitério também registra a história de um povo. Além do mais, quem já morreu nem liga para modismos, liga?...
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Tem vereador de Campo Mourão que fez parte da CPI dos Serviços Funerários que anda com a pulga atrás da orelha. É que o ex-gerente das duas funerárias da cidade, José Sobral da Silva, acusado de mau atendimento e demitido durante a CPI, tem sido visto na Sesf e na São Pedro. Como a saída do "Zezão" tinha sido uma das poucas conquistas da CPI, os "nobres edis" estão cabreiros. Ih, então que venha a "CPI 2, a missão"...
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Tu és o que fui; tu serás o que sou".
Mensagem, nada animadora, colocada na lápide de um túmulo do Cemitério Municipal São Judas Tadeu, de Campo Mourão. Precisa lembrar a gente disso, precisa?...